A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) afirmou-se hoje disponível para dar todos os esclarecimentos sobre as alegadas adopções ilegais de crianças portuguesas há 20 anos para a conclusão “tão breve quanto possível” das investigações.
Esta posição da IURD Portugal foi assumida, em comunicado, um dia depois de o parlamento ter “chumbado” propostas de criação de comissões, pelo CDS e pelo PSD, para averiguar o que se passou com as alegadas adoções por responsáveis da Igreja no Brasil e analisar falhas no atual regime de adoção, que não comenta.
Mais uma vez, como já fizera no início do ano, segundo o comunicado, a IURD declara a “sua total disponibilidade para cooperar com todas as entidades judiciais e outras que se mostrem necessárias à descoberta da verdade”.
O caso das alegadas adoções ilegais de crianças portugueses por pessoas ligadas à IURD, com sede no Brasil, começou com uma série de reportagens na estação de televisão TVI, em dezembro de 2017, intituladas “Segredos dos Deuses”.
Em janeiro, realizaram-se vigílias em vários pontos do país, incluindo em frente à Assembleia da República, em Lisboa, em que se exigia a criação de uma comissão de inquérito sobre este caso, tendo-se recolhido milhares de assinaturas para a petição “Não Adoto esse Silêncio”.
A IURD negou responsabilidades e já anunciou que vai recorrer à justiça para “exigir a reparação dos danos causados” com as notícias sobre casos de adoções ilegais, através do que considera ser uma “campanha infamante”.
O CDS-PP foi o primeiro partido a tomar uma iniciativa, em março, apresentado um projeto de lei para criar uma Comissão Técnica Independente para apurar o que se passou.
Em abril, o Bloco de Esquerda sugeriu um grupo de trabalho para analisar os problemas com o atual regime legal da adoção.
Em junho, foi o PSD a propor um uma comissão eventual para investigar o que se passou e os problemas que, ainda hoje, existem nos processos de adoção.
A petição foi discutida no parlamento na quarta-feira, tendo sido “chumbados”, com os votos da esquerda, PS, BE, PCP e PEV, os dois projetos, do CDS e do PSD.